A Alegria Cristã

Prof. Elpídio Macário da Silva Júnior

O terceiro domingo do advento, celebrado ontem, é conhecido como Domingo Gaudete, isto é, da alegria. O apóstolo São Paulo exortou os filipenses: “Gaudete semper in Domino. Iterum dico: gaudete/ Alegrai-vos sempre no Senhor. Digo outra vez: alegrai-vos” (Fl 4,4). Mais que isso: suas palavras são uma ordem a nos alegrarmos. Entretanto, é possível obrigar alguém a ser alegre? Para responder a essa pergunta devemos saber o que é a alegria.

A alegria consiste em certo deleite na posse de um bem que desejamos. Observemos, por exemplo, alguém que deseja um emprego: que alegria quando consegue. Também um enfermo que deseja a saúde e a consegue, outra alegria. Vale pontuar, porém, que a alegria será verdadeira se o bem que possuímos é um bem verdadeiro. Se falso, não há autêntica alegria.

Importa registrar que o bem de cada coisa consiste em agir segundo sua natureza, ou seja, a alegria de um cachorrinho – de natureza animal – é unicamente sensível. Quer ver um pet feliz? Dê a ele um cafuné nas orelhas, boa ração e limpa tigela com água. Já o homem – de natureza racional – composto de corpo e alma, matéria e espírito, participa também de uma alegria sensível, pois, após um dia intenso de trabalho sente certo prazer em um banho quente e uma taça com vinho, mas também, e, sobretudo, espiritual.

Por sermos dotados de inteligência e vontade, só somos felizes na medida em que conhecemos a verdade e amamos o bem. Ocorre que, não basta conhecermos qualquer verdade e amarmos qualquer bem. Por isso, o Apóstolo é específico: “Gaudete semper in Domino/ Alegrai-vos sempre no Senhor”.

Assim, podemos afirmar que a alegria do homem é Deus. A nossa alegria está na posse de Deus, Trindade Santa, por meio da graça santificante, vez que com ela (a graça) recebemos também as virtudes teologais fé (conhecimento), esperança (desejo) e caridade (união). Conhece-lO, amá-lO e serví-lO são imperativos da verdadeira alegria. Diante disso, a resposta à questão inicial é positiva. Podemos ser vinculados à alegria.

Padre Ambrósio de Lombez, O.F.M em seu Tratado da alegria da alma cristã enumera alguns meios para alegrar a alma:

1º Manter-se na prática da virtude: a alma cuja consciência está tranquila experimenta a alegria. Para tanto, o conselho de São Tiago é indispensável: “Ficai firmes até à vinda do Senhor” (Tg 5, 7).

2º Ocupar o espírito com aquilo que pode alegrar nossa alma: meditar o amor de Deus por nós, que se encarnou, sofreu e morreu para nos salvar. Por isso disse o profeta: “Vede, é vosso Deus (…) que vem para nos salvar” (Isaías 35,4).

3º Pedir a Deus tal alegria: tudo o que temos de bom recebemos de Deus. assim, devemos pedi-la a Ele.

4º Cultivar grande confiança em Deus: Ele nos ama e está conosco, inclusive, quando sofremos. O exemplo é Nosso Senhor que, embora no alto da cruz, estava alegre em sua alma por fazer a vontade do Pai.

5º Participar piedosamente da Missa: A missa é um dos meios mais eficazes para regar a alegria em nosso coração. Ela é alegre porque transmite plenamente a verdade ensinada por Cristo. Ela é alegre porque nos seus ritos solenes manifesta a majestade e a omnipotência de Cristo. É alegre porque atualiza o sacrifício redentor de Cristo na cruz, aplicando-nos as graças que Ele mereceu no calvário.

Sim, meus irmãos! A alegria é fruto da santidade porque esta é estar configurado a Cristo, é ter posse da Suprema Verdade e Bondade. Escutemos o Apóstolo:

Gaudete semper in Domino. Interum dico: Gaudete.

Alegrai-vos sempre no Senhor. Digo outra vez: alegrai-vos.

(Filipenses 4,4)

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