DIOCESE DE CRISTALÂNDIA
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CONVERSÃO
Conhecemos a conversão como tema central de nossas reflexões durante o tempo quaresmal. Muito corretamente, insistimos na necessidade de conversão, mudança de rota, ajuste de conduta. Porém, converter-se não é mudar de religião, como muitos ensinam, mas é a mudança interior que refletirá no nosso modo de nos relacionarmos. A pessoa convertida é pessoa diferente no seu agir, no seu falar, no seu relacionar-se. É pessoa nova.
Se consideramos a conversão como uma tomada de decisão, movida pela Graça de Deus, em razão de algo maior que a conversão em si, podemos afirmar que o convertido é alguém com um novo modo de relacionar-se. É pessoa que se relaciona de forma diferente com Deus, com os outros e consigo.
Convertidos na relação eu – Ele, conseguimos nos dirigir a Deus reconhecendo o Senhorio Dele em nossas vidas. Conseguimos em nossas preces, dizer: Senhor, sem Ti nada sou, creio firmemente em tua presença amorosa em minha história, quero firmemente seguir o Teu projeto para a minha vida, que sei, é o de que eu reflita em meu agir, em meu ser, a Tua própria imagem. Sei que queres que eu seja teu seguidor-anunciador, sei que queres que por minha vida Tu sejas conhecido e amado. Com minha vida quero, e me esforçarei, para ser a manifestação de Teu amor no mundo.
Convertidos na relação eu -tu, seremos capazes de ver em cada pessoa humana um irmão ou irmã diante do qual não temos o direito não apenas de não amar, de não desejar o bem, mas não temos o direito de sermos indiferentes. Perceberemos que é contraditório dizer que reconhecemos o outro como irmão ou irmã e simultaneamente não o perdoamos, não o acolhemos, não nos solidarizamos, não nos comprometemos, não aceitamos assumir o seu sofrimento e juntos buscarmos a superação. Que não existe amor na indiferença.
Convertidos aceitaremos o desafio de, como Jesus, acolher e dialogar com todos; aprenderemos que não é coerente ao cristão a exclusão. Aprenderemos que todos, bons e maus, santos e pecadores, seguidores das leis e transgressores das leis, convertidos e não convertidos, somos igualmente amados por Jesus e que nós, sendo seguidores do Mestre, não podemos trilhar outro caminho que o do diálogo, da misericórdia, do respeito. Seremos pacientes mesmo diante das inverdades, não nos acharemos no direito de silenciar os que pensam diferente.
Perceberemos que é o momento propício para nós cristãos anunciarmos o Jesus misericordioso, amável, dialogal, respeitoso, fraterno, neste mundo cada vez mais marcado pela intolerância, sectarismo, falta de misericórdia, onde filhos do mesmo Pai, nos tratamos como inimigos, pelo simples fato de pensarmos diferente. Então, cabe-nos a pergunta, o que nós estamos fazendo
de diferente, por sermos cristãos, para a superação do fracasso do amor em nossas relações!? (Cf. Mt5, 46-47)
Convertidos na relação eu – eu, seremos pessoas harmoniosas interiormente, não nos sentiremos nem melhores nem que os outros. Teremos, para nos convertermos, tido a capacidade de reconhecer as próprias limitações, insuficiência, fragilidade, pecado, pequenez. Reconheceremos que estamos em um caminho comum, e que neste caminho somos juntos viajantes na curta viagem da vida terrena. Não podemos perder tempo não amando. Em pouco, teremos passado, outros aqui estarão. Se permanecermos, que seja pelos bons frutos, que seja por termos feito conhecido, por nossa vida, o amor de Deus.
Suplicamos-te, Senhor, humildemente, mais uma vez, conceda-nos a graça da Conversão!
Quaresma 2020
Dom Queiroz
Cristalândia